sexta-feira, 31 de agosto de 2007

As hortênsias de S. Miguel, no mês de Agosto

Hortência ou Hidrângeas
A hortênsia (Hydrangea macrophylla) é originária do Extremo Oriente mas, como sabemos, tornou-se numa espécie de "emblema" das ilhas dos Açores. As fotografias falam por si. Estas foram tiradas no mês de Agosto de três anos diferentes. São lindas! E..., no entanto, não passam dum pálido reflexo da explosão de cor e de beleza que se espalha pela ilha, nesta época do ano.

Agosto de 2002

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segunda-feira, 20 de agosto de 2007

"O Pastor das Casas Mortas"

[...] “porque sabia que
esperar seja o que for
é uma maneira de estar vivo.”
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Acabei de ler “O Pastor das Casas Mortas” de Daniel de Sá.
Não vou fazer crítica literária. Porque não tenho competência, porque não acho necessário. Vou apenas dizer o que sinto.
Comoveu-me o que li; reencontrei o escritor que admiro; identifiquei, em Manuel Cordovão, o homem íntegro, sensível e de grande consciência moral e cívica que é Daniel de Sá.
Começa, logo na introdução, por nos “agarrar”, prometendo reescrever a história dum homem, a partir das agendas onde, ao longo dos anos, ele foi rabiscando pedaços da sua vida.
Numa escrita límpida, fresca e simples (Porventura, a mais difícil de conseguir...), leva-nos, através do passado, a problemas do presente (como o do despovoamento do interior do País ou o do fim dos velhos em “asilos disfarçados de lares de terceira idade") e de sempre (como o da vivência do amor, com todas as suas inseguranças, hesitações, alegrias e sofrimento).
É um livro de afectos. Mas que condena... a guerra que faz dos homens vândalos cruéis, sob o disfarce de “patriotismo”; os políticos que esquecem os direitos mais elementares do povo, que cabe a eles assegurar; a religião mal entendida pela ignorância bem intencionada de uns, como a catequista Angelina, e aproveitada por outros, para impor uma força e um poder imorais.
Daniel de Sá ressuscita a Guerra Colonial, as madrinhas de guerras, os aerogramas; as histórias dos Livros de Leitura, do antigo Ensino Primário, na figura do velho emigrante português em Buenos Aires, que compra com sacrifício um luxuoso relógio cujo bater de horas lhe lembra “o tocar dos sinos da sua aldeia”; os contadores de histórias, como o velho Vasco; os salvadores dos “vermelhos” , da Guerra Civil Espanhola, como o Francisco Poços. Cria a figura extraordinária da tecedeira Madalena que oferece, à pobre e jovem noiva Maria dos Anjos, a manta com que outros queriam presentear um ministro.
Não foram raros, durante a leitura, os momentos em que os meus olhos humedeceram. A honestidade e a bondade de Manuel Cordovão (ou de Daniel de Sá?) são verdadeiramente comoventes. A ternura com que adoça os últimos dias de Teresa; a mentira piedosa com que provoca o último sorriso feliz do tio Amadeu; o jogo de “sueca”, em que, fazendo par com Torre Velha, se esforça por ganhar, vencendo um “desejozinho” de vingança sobre o homem que lhe roubou o grande amor da sua vida.
E depois... quando se espera que, por fim, o sonho se realize e Manuel e Maria da Graça juntem para sempre as suas vidas, ambos compreendem que esse tempo passou. O sonho era demasiado grande para caber na realidade da vida. Viver aquele amor sonhado, ano após ano, seria matá-lo. A renúncia torná-lo-á eterno.
Peço desculpa, ao autor, por este comentário tosco que não reflecte o quanto gostei desta novela. Obrigada por a ter escrito!
A todos os que lerem este texto, recomendo: Leiam o livro! E comovam-se... e chorem... e recordem... e façam o que puderem para que acabem as casas e as aldeias vazias! Porque tudo isso enche, alarga e aquece o coração. E estamos a precisar tanto disso!...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Golfinhos e Cachalotes

Cauda de cachalote
É sabido que durante décadas a caça à baleia foi uma actividade importante, nos Açores, que sustentou muitas famílias, sobretudo nas ilhas do Pico, Faial e S. Miguel. A partir do início dos anos 90, sendo já proibida esta caça, surgiu uma nova actividade económica no arquipélago e que é a observação turística de golfinhos e baleias, no seu meio natural (Whale Watching). Os arpões são, agora, substituídos pelas máquinas fotográficas dos turistas ansiosos por captar o movimento dos cetáceos, localizados no mar por “vigias” colocados em pontos estratégicos e de boa visibilidade, junto à costa. Seguindo as coordenadas, transmitidas via rádio, os barcos semi-rígidos dirigem-se para os locais onde eles se encontram e podem ser observados. Há 23 empresas de Whale Watching licenciadas no arquipélago. As embarcações levam cerca de 12 passageiros a quem são fornecidos, para além das instruções e dos coletes salva-vidas, alguns dados históricos sobre a baleação e informações sobre as espécies mais comuns nestes mares.
Golfinhos

No mar dos Açores, podem ser observadas cerca de 24 espécies de mamíferos, destacando-se especialmente os cachalotes e os golfinhos comuns. O cachalote é “a baleia mais emblemática dos Açores”, dado que é nas suas águas quentes que crescem estes animais, que podem atingir 20 metros de comprimento e mergulhar até 3000 metros de profundidade à procura dos moluscos de que se alimentam. Além das baleias de bico, também é possível encontrar baleias azuis (as maiores de todas), durante a Primavera. E, até, tartarugas e tubarões.

Cardume de golfinhos
O arquipélago é pioneiro, a nível europeu, em matéria de legislação para salvaguardar o bem-estar dos animais durante a observação. Desde 2004 que a legislação impõe, entre outra regras, desligar os motores dos barcos na presença dos cetáceos e a permanência a uma distância de 50 metros, não superior a trinta minutos.
Colónia de garajaus no Ilhéu de Vila Franca do Campo

Já tive a sorte de ver golfinhos, numa viagem de barco que fiz entre S. Miguel e Santa Maria, e fiquei maravilhada. As fotografias que aqui publico foram tiradas, no passado mês de Julho, por amigos que mas cederam e a quem muito agradeço.

Para terminar, um apelo:

Encantem-se com todas as maravilhas que os Açores têm para vos dar, mas por favor, não façam nada que possa prejudicar a “Natureza pura” destas ilhas!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

LUZ entre o Porto e S. Miguel

O Pedro Abrunhosa é do Porto, cidade onde resido. Conheci bem os seus irmãos e lembro-me dele ainda pequeno, na praia do Mindelo, onde morei uns tempos e eles passavam o Verão. Agora, o seu álbum “LUZ” integra a canção “Ilumina-me” que faz parte da banda sonora da telenovela “A Ilha dos Amores”.

A coincidência de Pedro Abrunhosa “fazer a ponte” entre dois dos meus grandes amores (o Porto e S. Miguel) serviu de pretexto à elaboração deste post.

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ILUMINA-ME

Gosto de ti como quem gosta do sábado,

Gosto de ti como quem abraça o fogo,

Gosto de ti como quem vence o espaço,

Como quem abre o regaço,

Como quem salta o vazio,

Um barco aporta no rio,

Um homem morre no esforço,

Sete colinas no dorso

E uma cidade p’ra mim.

*****

Gosto de ti como quem mata o degredo,

Gosto de ti como quem finta o futuro,

Gosto de ti como quem diz não ter medo,

Como quem mente em segredo,

Como quem baila na estrada,

Vestido feito de nada,

As mãos fartas do corpo,

Um beijo louco no porto

E uma cidade p’ra ti.

*****

Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me, ilumina-me.

Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me, ilumina-me.

*****

Gosto de ti como uma estrela no dia,

Gosto de ti quando uma nuvem começa,

Gosto de ti quando o teu corpo pedia,

Quando nas mãos me ardia,

Como silêncio na guerra,

Beijos de luz e de terra,

E num passado imperfeito,

Um fogo farto no peito

E um mundo longe de nós.

*****

Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me, ilumina-me.

Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me, ilumina-me.

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Letra e música de Pedro Abrunhosa