“O Zeca é um pássaro. Ele canta, encanta, inventa e reinventa, sem nunca cansar quem o ouve - e quem o vê. Porque ver o Zeca é tão importante como ouvi-lo [...] na entrega, no modo inteiro como interpreta as suas canções de amor e mágoa, esperança e desencanto e saudades de um futuro em que não desiste de acreditar, mesmo se o presente tantas vezes parece empenhado em desmenti-lo. [...]
Ainda por cima, o Zeca é uma das melhores pessoas que me foi dado conhecer e ter como amigo, o que não é nada despiciendo nestes tempos em que a honra e a verticalidade são tão desprezadas, em contraponto com a leviandade e a hipocrisia, convertidas em valores instituídos da sociedade do faz-de-conta em que nos querem fazer viver.”
Viriato Teles
**********************************************
José Medeiros, o Zeca Medeiros, nasceu em Vila Franca do Campo, ilha de S. Miguel, em 1951.
Para além de realizador de televisão, é cantor, compositor, letrista, actor. Portanto... um homem cheio de talentos.
Funcionário da RTP Açores, desde 1976, realizou trabalhos televisivos como: “Xailes Negros” (1986); “Sete Cidades - A Lenda do Arcebispo” (onde se desdobra como compositor, letrista e intérprete; “Gente Feliz com Lágrimas”, série baseada no romance homónimo de João de Melo; “O Barco e o Sonho”, adaptação da novela com o mesmo nome de Manuel Ferreira.
Esteve presente nas bandas sonoras de “Mau Tempo no Canal” e “Feiticeiro do Vento”.
Entre outros, gravou “Cinefílias e Outras Incertezas” que deu origem a um espectáculo, que tive o privilégio de ver, no Teatro Ribeiragrandense e achei fabuloso.
Com o CD “Torna Viagem”, conquistou o Prémio José Afonso, em 2005.
Recentemente, foi o Cipriano (e que pena “morrer” tão cedo) na telenovela “Ilha dos Amores”, ainda a passar na TVI.
Gosto muito de o ouvir cantar e reconheço nele um enorme talento.
Presto aqui, apenas, uma pequena homenagem a um “filhos de S. Miguel” que engrandece tanto os Açores como o País.
**********************
CANTIGA DA TERRA
**********************
Quero ver o que a terra me dá
Ao romper desta manhã
O poejo, o milho e o araçá
A videira e a maçã.
*****
Ó mãe de água, ó mãe de chuvas mil
Já não quero o teu aguaceiro
Quero ver a luz do mês de Abril
A folia no terreiro.
*****
E vou colher inhames e limões
Hortelã e alecrim
E vou cantar charambas e canções
P´ra te ver ao pé de mim.
*****
E nos requebros deste teu “bailhar”
Quero ser o cantador
E vou saudar a várzea desse olhar
Ao compasso do tambor.
********
1 comentário:
Apenas hoje, agora, descobri este "blog". Sou grande admiradora de Zeca Medeiros e apaixonada por São Miguel - ainda não conheço as outras ilhas.... -, onde tenho uma âncora. Tive a sorte de, por 3 vezes, viajar com José Medeiros no mesmo avião, e à 3º foi de vez: corri para o conhecer e lhe apresentar a minha gata, na altura com dois meses, e da qual ele foi "padrinho" (chama-se Chamarrita Pandeireta e é-o, efectivamente, da cabeça à ponta da cauda!).
Obrigada por este texto, tão pouco se ouve falar deste Homem genial, nascido da lava e do mar!
Enviar um comentário