sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Natal 2007 * Ano 2008

A MINHA MENSAGEM DE NATAL

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Mais império menos império,

mais faraó menos faraó,

será tudo um vastíssimo cemitério,

cacos, cinzas e pó.

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Compreende-se.

Lá para o ano três mil e tal.

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E o nosso sofrimento para que serviu afinal?

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António Gedeão, Poema do Alegre Desespero

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O nosso mundo está a viver, quer queiramos quer não, um período revolucionário da trajectória da Humanidade. Enfrenta, dolorosamente, desafios nunca sonhados. É hora de parar e reflectir.
Independentemente das religiões professadas, a maior parte do mundo ocidental festeja o Natal. Mas o Natal não pode resumir-se aos presentes, às ruas iluminadas, ao bacalhau, às rabanadas e ao bolo-rei... ou a qualquer outra tradição.
Por acaso pensamos no que estamos a festejar? Todos dirão: o nascimento de Jesus Cristo. Só que o nascimento dum homem bom [ou do Filho de Deus, se preferirem ] deve, acima de tudo, levar-nos a reflectir na mensagem que deixou. Longe de estar ultrapassada, ela indica o caminho a seguir, HOJE, se queremos sobreviver no nosso planeta.
Afinal, como têm vivido os homens: uns com os outros ou uns contra os outros?
Começamos por descobrir que as palavras de ordem da sociedade dominante, a sociedade ocidental baseada na competição, conduzem a colectividade humana à catástrofe. O futuro é, hoje, ditado pelos banqueiros. Para resolver os seus problemas, as nossas sociedades recorrem a um processo que crêem mágico: o CRESCIMENTO. Consumamos sempre mais e tudo correrá da melhor maneira. As consequências dessa visão estão debaixo dos nossos olhos: uma Terra maltratada, onde sobressaem graves desequilíbrios ambientais e um esgotamento dos recursos; sociedades profundamente desiguais, ilustrativas da injustiça e da exploração de homens por outros homens.
Jesus Cristo [como mais tarde, Francisco de Assis e também, à sua maneira, os seguidores do Budismo e do Socialismo (o autêntico) e muitos outros impossíveis de identificar aqui], ousou dizer não ao dinheiro, ao egoísmo, ao poder, à violência, à guerra; ousou dizer sim ao amor, ao respeito pelo próximo, à ideia de que o Homem habita um Universo comum, que com ele forma um todo e de cuja harmonia depende a sua sobrevivência.
Esta é a preciosa herança que Cristo nos legou. A que talvez valha a pena seguir para bem de nós todos.
Os tempos vão sombrios... O futuro?....... ??????????????

Para todos:

UM BOM NATAL!

UM 2008 MAIS JUSTO E SOLIDÁRIO!!!

Fonte: Ensaio sobre a Pobreza de Albert Jacquard

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

As tradições portuguesas

Por alturas do Natal, quando vivia na Ribeira Grande, comecei a reparar numas tacinhas com lindas plantas verdes que as empregadas da Escola onde leccionava, colocavam na sala dos professores. Claro que tentei logo saber o que aquilo era. Disseram-me que se tratava duma tradição natalícia e explicaram-me como se procedia à sementeira do trigo e da ervilhaca. Fui logo comprar as sementes e experimentei. A partir daí, as "searas" fazem parte do meu Natal, primeiro em S. Miguel, agora no Porto.
Claro que pensava tratar-se duma tradição açoriana. Qual não é o meu espanto quando ao entrar numa igrejinha em Querença (Loulé), encontrei o presépio que fotografei e aqui publico.
Agora sei que se trata duma tradição, inicialmente algarvia, que madeirenses e açorianos adoptaram. Estes, se não estou confundida, tê-la-iam levado para Santa Catarina (Brasil), povoada maioritariamente por casais açorianos.
É linda esta capacidade de levarmos connosco, para todo o lado, aquilo que nos é querido. Um povo com memória é um povo com Alma.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007