terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

De VAGAR... precisa-se!

Do Meu Vagar

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Já não há mais o vagar

de quando se comia sentado

e devagar se caminhava

até chegar a qualquer lado

agora vai toda a gente sempre

de mão na buzina

sempre na linha da frente

a tremer de adrenalina

*****

Do meu vagar não traço rotas

não tenho trilho que me prenda

não tiro dados nem notas

não encho uma linha de agenda

do meu vagar não chego a Meca

não faço nada num só dia

não corto a fita da meta

não vejo Roma nem Pavia

*****

Do meu vagar

sei que nunca hei-de ir longe

vou aonde for preciso

vou indo no meu vagar

em busca do tempo perdido

e se um dia o encontrar

o longe não faz sentido

*****

Do meu vagar há um nicho

um pico de ilha insubmersa

onde há lugar para o capricho

que dá pelo nome de conversa

do meu vagar a paisagem

ainda tem beleza em bruto

e vale mais uma palavra

que mil imagens por minuto

*****

Do meu vagar

sei que nunca hei-de ir longe

vou aonde for preciso

vou indo no meu vagar

em busca do tempo perdido

e se um dia o encontrar

o longe não faz sentido

***************************************

Carlos Tê [in LADO LUNAR, de Rui Veloso]

2 comentários:

  1. É verdade,

    Já não há mais o vagar
    Do tempo que se acendia
    Numa conversa sem pressa
    Porque havia sempre dia.

    Já não há mais o vagar
    Da conversa sobre a mesa
    E do tempo que sobrava
    de eterna sobremesa.

    Há pelo menos,vá lá!
    Um amigo escondido
    Por detrás de um blogue
    A tentar falar comigo.


    Beijinho, Elisabete!

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  2. Muito obrigada por colaborar e pelo "blogue". Um nome bonito para uma dona que escreve muito bem.
    Demonstra grande sensibilidade e alma de poeta.
    Isso é o mais importante. O resto aprende-se praticando.
    Um beijo para si e parabéns.

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