domingo, 25 de maio de 2008

Francisco Ferreira Drummond

Igreja de S. Sebastião
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Nasceu na vila de S. Sebastião (Terceira), a 21 de Janeiro de 1796, tendo sido baptizado, na respectiva Matriz, a 27 desse mesmo mês.
Era filho de Tomé Ferreira Drumond, lavrador abastado, e Rita de Cássia, ambos residentes na Vila de S. Sebastião, em cuja Matriz foram também baptizados.
A família Drumond estava, então, intimamente ligada ao magistério primário e à governança da Vila de S. Sebastião, tendo a presidência da Câmara sido ocupada por seu pai (em 1821). O seu irmão, o capitão de ordenanças José Ferreira Drumond, dominou a vida política local durante várias décadas.
Ferreira Drumond desde a infância que revelou decidida vocação para as letras e para a música. Depois da instrução primária, estudou latim, lógica e retórica (disciplinas próprias do ensino da mocidade culta de então e as únicas disponíveis na sua vila natal ). Muito estudioso, procurou constantemente aumentar a sua instrução literária e artística, o que lhe foi facilitado pelo meio familiar em que viveu.
Com apenas 15 anos, foi nomeado para o cargo de organista da Matriz da Praia.
Cedo aderiu à causa liberal, tendo sido eleito pelo novo sistema constitucional, em 1822, secretário da Câmara Municipal de S. Sebastião. Tal eleição valeu-lhe grandes dissabores, tendo, para escapar às perseguições dos absolutistas, fugido da Terceira, durante a noite, numa embarcação que o levou à ilha de Santa Maria, de onde passou a Ponta Delgada, dali partindo, com passagem pela Madeira, para Lisboa.
Depois de um ano de exílio voltou à Terceira, tendo participado activamente em todo o desenrolar da guerra civil nesta ilha, que depois tão bem descreveu nos seus Anais da Ilha Terceira.
Desempenhou, ainda em S. Sebastião, os cargos de escrivão dos órfãos, secretário da Administração do Concelho, e tabelião. Em 1836 foi eleito Presidente da referida Câmara, tendo desempenhado essas funções até 1839. Nesse ano foi eleito Procurador à Junta Geral.
Exerceu também, durante vários anos, o cargo de Provedor da Santa Casa da Misericórdia.
Distinguiu-se na luta contra a extinção do concelho de S. Sebastião, extinção que, em boa parte graças à sua actividade, apenas se consumou em 1 de Abril de 1870, apesar de decretada em 24 de Outubro de 1855.
Algumas das mais importantes obras da antiga Câmara de S. Sebastião foram iniciativa sua, nomeadamente a captação das nascentes do Cabrito e o seu aproveitamento para moagem, naquela época a maior obra hidráulica da Terceira e uma das maiores dos Açores.
Faleceu em 11 de Setembro 1858, contando 63 anos incompletos de idade, na casa que tinha aforado da Santa Casa da Misericórdia, na Travessa da Misericórdia, onde hoje está a lápide comemorativa. Esta casa foi recentemente adquirida pela Santa Casa da Misericórdia local, estando para breve previsto o seu restauro e transformação em biblioteca associada da rede de leitura pública.
Francisco Ferreira Drumond foi homenageado em 1951 com um pequeno monumento localizado no Rossio, Vila de S. Sebastião.
O seu trabalho histórico ocupa um lugar cimeiro na historiografia açoriana, sendo a base de boa parte das obras sobre a história dos Açores, em particular sobre a história da ilha Terceira.
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Obras publicadas
  • Memória Histórica da Capitania da Praia da Vitória — editado pela Câmara Municipal da Praia da Vitória em 1846, Praia da Vitória. A obra foi reeditada inserta na colectânea Memória Histórica do Horrível Terramoto de 15.VI.1841 que Assolou a Vila da Praia da Vitória, edição da Câmara Municipal da Praia da Vitória, 1983.
  • Anais da Ilha Terceira — obra escrita segundo o critério cronológico típico dos Anais, cobrindo o período desde a descoberta e povoamento da ilha até 1850. Foi oferecida à Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, que a editou em 4 volumes, contendo 510 de documentos. O volume I foi publicado em 1850; o vol. II em 1856; o III em 1859; e o IV, póstumo, em 1864. Reeditado, em fac-símile da edição original, pela Secretaria Regional da Educação e Cultura, Angra do Heroísmo, 1981.
  • Apontamentos Topográficos, Políticos, Civis e Eclesiásticos, para a História das Nove Ilhas dos Açores - obra inacabada deixada em manuscrito. Após um conturbado percurso, a obra foi editada em 1990 pelo Instituto Histórico da Ilha Terceira, Angra do Heroísmo.

6 comentários:

Ibel disse...

Fiquei a conhecer mais um vulto que merece ser recordado.

Elisabete disse...

Acho importante lembrar as figuras históricas. São apenas homens, mas as suas histórias são sempre lições de vida.
Como vai a "menina do mar"?

Anónimo disse...

Muito interessante.

Obrigado.

Unknown disse...

Sou bisneta directa de Francisco Ferreira Drumond. Vivo na Madeira e fico Feliz de saber que recordam a sua vida e obra!

João Drummond de Barros disse...

Sou neto de Helena Ferreira Drummond, professora e isnpectora escolar, resido no continente e gostava de saber quem é Jana.
O meu nome è João Carlos Drummond Piteira Vaz de Barros.

Isabella Baltar disse...

Ótimas informações que este blog possui. Sou tataraneta de Adriana Emilia e bisneta de Franscisco Machado Drumond que imigrou para o Brasil.

Gostaria de contactar outros membros descendentes da grande familia que Adriana Emilia, filha de Francisco Ferreira Drummond, formou no século XIX.

Obrigada