segunda-feira, 4 de agosto de 2008

FESTAS DA GUARITA

FESTAS DO IMPÉRIO DOS INOCENTES DA GUARITA
Texto retirado de artigo de "a União",
publicado na Sábado, dia 26 de Julho de 2008,
em "Actualidade"
Fotos gentilmente cedidas pelo
Blogue "PORTO DAS PIPAS"
Mordomos 2008
Numa noite em que a chuva não quis perder a festa, cerca de duas centenas de pessoas juntaram-se no Império dos Inocentes da Guarita para a tradicional Ceia dos Criadores.
A ceia dos criadores
A noite começou com o tradicional Pezinho, animado por seis cantadores, onde se incluía o mais jovem intérprete dos Açores, naquela que foi a sua estreia numa celebração do Divino Espírito Santo.
Altar
A zona da Guarita tem a particularidade de, apesar de estar localizada dentro da cidade de Angra, “tem uma concepção rural na sua forma, temos vários lavradores e temos sempre os mesmo criadores”, revela Miguel Azevedo, um dos Mordomos deste ano. Talvez por isso, desde 1984 – ano em que o Império reabriu após as obras de restauração devido ao sismo de 1980 – “o Império da Guarita nunca mais comprou carne, e, independentemente dos Mordomos, tem funcionado sempre bem”, confidenciou à “a União” Manuel Martins (vulgo Ramalhete), ele próprio um dos criadores que desde essa data cria gado para a festa. A comissão deste ano conta com cinco pessoas com uma média de idades de 30 anos, contrariando a ideia que os mais jovens estão algo desfasados desta celebração.
Saída da Coroação
“Já tivemos aqui comissões mais jovens, o problema é manterem-se ligados ao Império devido às dificuldades de entendimento entre mais velhos e mais novos. Julgo que não é por má vontade, as vezes é preciso compreender que para os mais velhos os impérios são como se fossem a sua segunda casa”, refere Miguel Azevedo, admitindo que a comissão gostaria de voltar a repetir esta experiência que apelida de “muito divertida e onde se fica ligado às tradições de outra forma, aprendemos coisas sobre o culto do Espírito Santo todos os dias”. Sobre as festas deste ano, o Mordomo congratula-se pelo facto de ter sido possível reunir quase 200 pessoas na noite da Ceia dos Criadores, ainda para mais num ano “em que morreu muita gente na Rua da Guarita e circundantes e houve algum custo das pessoas se chegarem ao Império, mas penso que viram que o ambiente estava como dantes e conseguimos tê-las cá”, comenta, orgulhoso.
Os jovens Mordomos deste ano
Apesar da boa participação popular neste Império, o mesmo não se passa em muitos outros dentro da cidade. Segundo o Padre Dolores isso deve-se à despovoação de Angra do Heroísmo, onde “existem ruas que estão a ficar sem ninguém, já não existe o Império da Rua de Santo Espírito e o da Rua da Boa Nova está resumido ao terço por falta da população”.
Mordomos para 2009
O culto do Divino Espírito Santo pode-se dividir em três fases, assinala o Padre Francisco Dolores – Oração, Partilha e a Festa.
A Ceia dos Criadores enquadra-se na partilha. Os criadores, se deram carne para o Império, são os primeiros a ser convidados a partilhá-la juntamente com o pão, o vinho e as sopas do Espírito Santo, com toda a gente que participou e colaborou com o Império, um momento diferente das Funções já que estas “são a promessa de um jantar feita por um Mordomo no dia da Coroação”, esclarece o sacerdote. “Antigamente era a oportunidade para as pessoas, especialmente nas freguesias rurais, mas também na cidade, comerem carne, fora isso só nos casamentos ou no Natal, o mesmo se passava com o pão branco que a grande maioria da população só comia por esta altura. A esmola do Espírito Santo - com a bênção e entrega de carne, pão e vinho aos mais pobres, feita normalmente à sexta-feira, era um grande benefício”, recorda Francisco Dolores.
A Oração com o Terço do Espírito Santo ao longo dos oito dias em que a Coroa está no Império desde o cortejo da mudança até ao dia da coroação (normalmente um domingo), é outro dos momentos centrais do Culto, onde as pessoas vão agradecer pelo ano que passou e rezar pelos mortos. A terceira vertente, segundo o Padre Dolores, prende-se com a festa em si, há moda antiga com os foliões, “aqui mais com o Pezinho e os cantadores ao desafio”, refere o pároco.As filarmónicas são outra parte importante da festa, especialmente nos cortejos e na Terceira existe ainda um elemento fundamental - as touradas, “ que costumam marcar o encerramento das festas e que aqui são à corda, que foi a forma encontrada para se brincar com os touros de forma a que toda a população pudesse participar.

2 comentários:

Ibel disse...

Qulquer dia, sei mais ds tradições açorianas do que as de Portugal continental.
Muito animadas e variadas, as Festas Da Guarita!
Ai os "seus"Açores,querida mourinha encantada!

Elisabete disse...

São "meus" ou eu é que sou delas, das ilhas misteriosas?
Que posso eu, pobre criatura, contra uma paixão destas?
Continuação de boas férias, Ibel, e um beijinho.