Maria Norberta Amorim (à esquerda)
Tive o privilégio de conhecer a Professora Doutora Maria Norberta Amorim, quando frequentei, na Universidade do Minho (Pólo de Guimarães), o Mestrado de “História das Populações”.
Esta Senhora, natural da Ilha do Pico, é um marco na investigação em Demografia Histórica. Adaptando o método francês de reconstituição de famílias, de Louis Henry e Michel Fleury, à especificidade dos registos paroquiais portugueses, criou o novo método de reconstituição de paróquias.
Maria Norberta de Simas Bettencourt Amorim, nasceu a 14 de Janeiro de 1943 na freguesia de S. João, concelho das Lajes do Pico.
Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (1971), desde 1969 que se dedicou à Demografia Histórica, num trabalho pioneiro em Portugal de análise demográfica para o período do Antigo Regime.
Tendo por base os registos paroquiais (de baptismo, casamento e óbito), existentes em Portugal desde finais do séc. XVI, a metodologia de reconstituição de paróquias tornou possível um aprofundamento de fenómenos, como a Mortalidade e a Mobilidade, que a metodologia de Fleury-Henry não permitia, e a interpretação da evolução da população à luz da interacção das variáveis demográficas, de Fecundidade, Nupcialidade, Mortalidade e Mobilidade.
O cruzamento com outras fontes (róis de confessados, matrizes prediais, listas de eleitores, autos de visitação e de desobriga, etc.) em encadeamento genealógico, tem permitido um grande desenvolvimento da História da Família e da História Social.
Os recursos informáticos possiblitam, hoje, a agilização do processo e a metodologia de reconstituição de paróquias é usada por largas dezenas de investigadores não só em Portugal, mas também na Espanha e na América Latina.
Professora catedrática da Universidade do Minho hoje aposentada, continua como investigadora do NEPS (Núcleo de Estudos de População e Sociedade), por si projectado.
Em Dia Internacional da Mulher, quero prestar, aqui, homenagem à grande investigadora e ao grande ser humano que é a Professora Maria Norberta Amorim, por acaso açoriana e picarota.
3 comentários:
Pois é! Ainda me lembro de ver a Norberta e sua mãe, vestidas de preto, na nossa casa do Faial.
O Pai dizia à Mãe, quando vier gente do Pico, dá-lhes de comer, que a viagem (do Pico ao Faial) é muito difícil para quem tem que ir e vir no mesmo dia (não havia restaurantes...)
O Pai da Norberta tinha morrido. O meu Pai foi seu encarregado de educação. Ela era uma pequena tímida e muito estudiosa.
Eis a Norberta da minha infância!
E merece muito, esta Mulher!!!
Acho que sim, amiga.
Para além das inegáveis qualidades de investigadora, a Prof. Norberta é uma Mulher modesta, simples, um ser humano digno do maior apreço e estima.
Há muito que tenho saudades de falar com a Doutora Norberta. E é por vergonha de não poder ser como ela, dedicada ao estudo continuado,que não tenho procurado falar-lhe.
Continuo o meu esforço, ao meu ritmo, mas... sinto-me muito pequenina e insignificante, quando penso na determinação da Doutora.
Desejo que a vida seja boa com ela.
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