sábado, 21 de maio de 2011

Luís de Figueiredo de Lemos

Luís de Figueiredo de Lemos nasceu em Vila do Porto (Ilha de Santa Maria), a 21 de Agosto de 1544. Era filho de Miguel de Figueiredo de Lemos e de D. Inês Nunes Velho.

O pai, um dos povoadores dos Açores e também o primeiro desta família na ilha de Santa Maria, foi procurador de D. Luís Coutinho (3.º comendador daquela ilha e que morreu na Batalha de Alcácer Quibir), Procurador do Número e Juiz dos Órfãos.

A mãe era da mais antiga raiz mariense, profundamente ligada aos primeiros povoadores, visto que provinda dos Velhos.

Gaspar Frutuoso descreve-o assim:

Os primeiros anos de sua tenra idade foram regulados de uma natural modéstia e discrição. E no tempo em que começam os outros quase conhecer os pais, deixados por ele os risos da inconstante meninice, entrou no rigor do mestre e da escola; com pronta viveza discorrendo a veracidade das letras, em poucos anos aprendeu a ler, passando a maravilhosa invenção do escrever, poderoso e único remédio contra a miserável perda da memória dos mal lembrados homens. De doze anos começou dar obra aos ásperos preceitos da Gramática, na doutrina de um entendido mestre, que com muito louvor aos filhos dos nobres lia as humanas letras, adquirindo quanto dele se podia alcançar, entender, falar e escrever latim.

Antepondo seu pai as certas esperanças que mostrava ao tenro e vivo amor com que o queria, o mandou a Lisboa ao Colégio de Santo Antão, a estudar Retórica e Grego, ornamento e glória da latina língua. Desembarcado nos braços de seus parentes, nos mimos que todos lhe faziam, espantados em tão pequena idade parecerem tantas mostras do que prometia, entrou nas classes, e com incansável zelo da eloquência, passou em poucos meses os mais antigos e graves delas. E no exercício de compor verso e prosa, excedendo com muito louvor a todos, ganhou os melhores lugares e os prémios. Acabados dois anos, julgado no parecer dos padres meretíssimo de qualquer ciência, mandou seu pai que fosse a Coimbra estudar Cânones, presságio da dignidade que havia depois ter. Não bastaram danadas ocasiões daquela imensa cidade de Lisboa a profanar o casto recolhimento de seu peito, antes, avisado com as mostras da perdição que via, realçou em maior altura de virtude. E metido no meio de tantos males, vivia solitário com só Deus e com os livros.”

Recebeu as primeiras ordens em Portalegre, continuou a vida religiosa em Lisboa. Foi, depois, nomeado vigário da freguesia de São Pedro, em Ponta Delgada, e, ao mesmo tempo, ouvidor eclesiástico em toda a ilha de São Miguel.

Foi, depois, nomeado deão do Cabido da Sé de Angra e, nessa qualidade, incumbido pelo bispo de organizar o processo da vida e das virtudes da venerável Margarida de Chaves. Passou, com o bispo D. Pedro de Castilho, à ilha de São Miguel, como visitador, acabando por fazer o mesmo serviço na ilha de Santa Maria. Esteve, depois, impedido de voltar à Terceira onde D. Pedro de Castilho, devido às tendências políticas a favor de Filipe II de Espanha, não seria bem recebido.

Quando o bispo se viu na necessidade de regressar ao reino na armada de Álvaro de Bazán, que finalmente submetera a Terceira à obediência de Filipe II, foi deixado pelo prelado como governador do bispado de Angra.

Em Março de 1585, Filipe I de Portugal apresentou-o para bispo do Funchal. Foi sagrado em Lisboa, com 41 anos, no Mosteiro da Trindade.

Partiu de Lisboa no dia 27 de Julho de 1586, chegou à ilha da Madeira no dia 4 de Agosto de 1586, tendo passado algum perigo na viagem principalmente devido à pirataria nos mares da Madeira.

Esteve no cargo durante 22 anos e foi um grande reformador do clero madeirense, restaurando igrejas arruinadas, interessando-se pela administração das paróquias, criou ouvidorias e revitalizou as visitações. Elevou a igreja de S. Pedro (Funchal) a colegiada, mandou fazer o Seminário da Diocese, o Paço Episcopal do Funchal (antigo) e a capela anexa de São Luís, onde depois foi sepultado.

Morreu a 26 de Novembro de 1608.

Os seus restos mortais foram exumados e trasladados, aquando da profanação da Capela de São Luís em 1906, para a Sé Catedral, onde foram depositados junto às portas do guarda-vento e recobertos com a lápide de mármore lavrado que ornamentava a sua sepultura primitiva.

Fontes: Wikipédia e Saudades da Terra (Gaspar Frutuoso)

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