terça-feira, 10 de junho de 2008

A PÁTRIA NO CORAÇÃO

Michael de Brito, Dinner Guests
Michael de Brito, Avó Pequena Michael de Brito, Small Kitchen Scene
Os portugueses de fora crêem-se por vezes mais patriotas do que os de dentro porque, no confronto com os outros da terra adoptiva, são movidos pela necessidade de se agarrar ao que sentem como particularmente seu, e que partilham apenas com os seus compatriotas que perto de si vivem, mas também com os que ficaram na pátria longe. Daí uma corrente magnética, o cordão umbilical da cultura, que se estabelece imitindo vibrações quase num só sentido - de fora para a pátria. Costuma chamar-se a isso "saudade". Evidentemente que isso não nos torna moralmente superiores. É um reflexo natural de sobrevivência que nos impele a agarrar-nos àquilo que instintivamente sentimos como nosso e que a distância geográfica e cultural ameaça fazer-nos perder.

Onésimo Teotónio Almeida, in Público [10.06.2008]

Michael de Brito, Afternoon Conversation

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Onésimo Teotónio Almeida - nasceu em 1946, no Pico da Pedra (S. Miguel), escritor, professor catedrático do Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Universidade de Brown (Providence), residente nos EUA há 30 anos.

Michael de Brito - nasceu em 1980, em New Jersey, filho de emigrantes portugueses do Algarve. Os quadros aqui publicados mostram bem as raízes portuguesas e fazem parte de exposição patente na Eleanor Ettinger Gallery, em Nova Iorque.

6 comentários:

Ibel disse...

Elisabete,
O Onósimo não estudou em Braga, na Católica? É que o meu marido diz que teve um colega açoriano com esse nome.
E mais uma vez obrigada por mostrar o que é nosso ou das nossas raízes.
Beijinho

Ibel disse...

Enganei-me no nome.

joão coelho disse...

Olá

Fico a dever-lhe "descobrir" este pintor, Michael de Brito, descendente de portugueses...Apetecia ir a N.York ver a Exposição dele..
Já agora, o Onésimo estudou no Seminário de Angra do Heroísmo,na ilha Terceira, ao tempo dirigido por José Enes, e fez parte de uma "geração de ouro" de jovens seminaristas açorianos que acabaram, quase todos, por desistir da vida sacerdotal, já na fase final da sua preparação. Ainda frequentou a Universidade Católica, mas em Lisboa, acabando por se licenciar em Filosofia, já nos EUA.
Um dos que levou até ao fim a sua vocação foi o hoje o Cónego António Rego, também micaelense, figura de destaque na comunicação social e responsável pelo Secretariado para os Meios Audiovisuais da Igreja Católica no nosso país.
Obrigado

Saudações atlânticas

João Coelho

joão coelho disse...

E agora vou ali às suas "Memórias"...que estão lá duas fotos a que não resisto..

J.Coelho

Daniel de Sá disse...

O Onésimo é uma das pessoas mais talentosas que conheço.
Até ao 25 de Abril, o Seminário de Angra, que só foi criado em 1862, era a única "universidade" dos Açores. Da mesma safra do Onésimo saiu gente como o Carlos Sousa, criador do grupo de cantares Belaurora (invariavelmente considerado o melhor quando em encontros de grupos folclóricos no estrangeiro, e que já esgotou o Olympia, de Paris), o José Gabriel Ávila, até há pouco tempo jornalista de muito mérito da RTP/A, ou o José Franciscoo Costa, poeta de fina arte. O Padre António Rego, um grande talento como pensador e um Homem excelente, é alguns anos anterior no curso e na idade.

duartemm disse...

Não sou blogger, mas li, por acaso, esses comentários...

Não posso senão deixar que a lágrima, fruto da saudade e das memórias, me escorra rosto abaixo. Tive (humildemente) o privilégio de fazer parte dessa "geração de ouro" de jovens seminaristas. Juntamente com o Onésimo, o Clemente, O Mariano, e o Luis Fernando, fui desse grupo de jovens seminaristas mimados e apreciados pela nossa querida gente do Pico da Pedra.
A memória falha-me, mas logo, logo caio no sonho da saudade.

Duarte Manuel da Ponte Miranda
Canadá