Aconteceu, há dias, um acidente cá em casa. Um armário caiu e partiram-se alguns objectos, que se espalharam, numa mistura, pelo chão. Entre eles, este frasquinho contendo areia preta da Praia das Milícias, no Pópulo (Ilha de S. Miguel).
Quando, em meados de 2005, regressei ao Porto, trouxe, dentro dum saquito, um pouco da areia da ilha, areia essa que repousou no dito frasquinho durante estes quase quatro anos.
Já esqueci os outros objectos partidos, mas... volta e meia, um alfinetezinho pica o meu coração: é que me faz falta aquele bocadito da ilha da minha saudade. Isto dos afectos tem muito que se lhe diga!...
20 comentários:
Se quisere, trago-te areia dessa praia, em Agosto.Mas não é a mesma coisa, quando não é a nossa mão a recolher, a pegar, a cariciar...
À falta de areia, vai um afecto muito forte do outro lado da ilha.
Com muito carinho.
Daniel
Meus amigos,
Agradeço, de todo o coração, o vosso carinho com que "estou-me consolado".
Em breve, eu própria irei à Ilha para recolher, numa carícia, a sua areia negra.
Abraço
Por vezes, uns simples grãos de areia podem significar mais que notas de euro...
E que estava bonito o frasco com a areia da Praia grande do Pópulo..mas frascos há mais e areia não é que haja muita em S.Miguel, mas há-de chegar para novo "recuerdo"..
Na praia pequena - era a mais frequentada no meu tempo - tomei um belo banho de lua cheia, numa noite de Verão em 1972..
Espero que a Ibel não vá fazer a viagem das 3 ilhas numa semana..fica com um cheirinho mas não "saboreia"..
É isso mesmo, José Augusto! O valor afectivo das coisas é mais importante do que o seu valor material.
João,
Um banho de lua cheia na praia? Lindo e romântico!
Também gosto da praia pequena e do seu barzito.
Penso que a Ibel vai poder saborear "um bocadinho". Claro que viver lá é OUTRA COISA... Considero-me uma felizarda por me ter sido possível fazê-lo e... nunca se sabe o futuro, não é?
Foi qualquer coisa de bonito e estranho. Eu era um homem ainda a crescer, a companhia era linda - tudo platónico, mas era bonita de morrer, a menina - nunca me tinha passado pela cabeça nadar à noite na praia.. Anos depois, poucos, ela entrou para uma ordem religiosa. Na altura estava impressionada comigo por, entre outras coisas, ter recuperado uns óculos de sol que apreciava muito, caídos de um barco à vela a meio da doca de P.Delgada, a uns 7/8 metros de profundidade. Na altura não disse nada, marquei o sitio, no dia seguinte de manhã fui lá sózinho, num bote do Clube Naval, mergulhei e encontrei os ditos cujos. A cara da pequena quando à noite, na Avenida, lhe disse,assim com um ar desprendido..toma lá os teus queridos óculos..
Bons tempos..!
Pra mim S.Miguel, hoje, é, no minímo, 2 semanas, no máximo, um mês. Mas isso seria uma conversa grande..
Elisabete minha flor
Aquilo em Pasárgada foi uma pane do yotube(risos)Tentava postar com a música e não conseguia,daí desisti e coloquei só o texto e hoje quando vou dar uma olhada no blog ,vejo todas aquelas músicas repetidas.(risos)Bom fico com o seu abraço amiga pode ser?
Queria te dizer que também tenho um vidrinho com a areia preta,ele significa muito para mim,acho que encontrei alguém que possa entender o valor do meu vidrinho de areia preta.
Um abraço bem forte e beijos amiga.
Não conhecia essa faceta de "cavaleiro andante", João. E as mulheres que gostam tanto desses gestos singulares... Pena a menina professar! E se calhar não, não é verdade?
Cris, estive lá para te dar um abraço, mas não entrou, por mais que insistisse.
A menina professou mesmo, isso sei, depois perdi-lhe o rasto..
Não era tanto cavaleiro andante, seria mais ingenuidade, candura..Há um filme, "Summer of 42", ("Verão de 42" creio que é o título em português), que ainda hoje mexe comigo por encontrar nele paralelos com a nossa forma de estar na vida nesse anos de 60. Um destes dias trarei aqui os "procedimentos" necessários para se namorar nessa época..sabe Deus a trabalheira que dava..mas era em nome do amor..
Mais tarde descarrilei, mas aí os tempos e o local eram outros.
Fico ansiosa por conhecer esses procedimentos.
Era uma trabalheira... mas já se sabe que o amor dá trabalho. Mas é bom!!!
João,
Também estou curiosa!!!!
João, só vou estar uma semaa em S. Miguel.Será que é pouco?
Primeiro, surgia o clique - uns olhos, o rosto, o "ar" da menina que fazia a diferença em relação às outras, a ideia de que estava ali quem preenchia os sonhos alimentados pelas fitas da Ava Gardner,Lana Turner,Rita Hayworth, Cid Charisse (umas pernas lindas numa das melhores dançarinas americanas) e outras..
Pessoalmente, fugia das miúdas mais populares ou muito bonitas, a concorrência era grande, elas sentiam isso e claro, "capeavam" os rapazes.
Sentido o clique, o primeiro passo era ver se havia retorno - um olhar, mesmo fugaz, brevezinho,um rubor seguido de um baixar da cabeça, era bons sinais..A partir daí aumentavam as batidas cardíacas e começava a construir-se a aproximação, fundamentada nalgum trabalho de investigação, era da Escola Industrial, do Liceu, das ilhas, de Ponta Delgada ou "de fora da cidade"? E os horários? e a morada?
Feita a recolha, entrava-se na fase de "partir pedra", marcada pela persistência - esperar pela saída das aulas, dar alguma distância, não muita para não a perder de vista,não demasiado perto para não embaraçar, e seguir a menina durante alguns dias, para que ela percebesse que não se estava a brincar, os sentimentos ali eram "sérios"..
O primeiro sinal de que as coisas corriam bem, era dado por uma paragem dela numa montra, ela quedava-se, eu também, 10, 15 metros de permeio..se olhasse para trás, oh oh lá desembestavam as pulsações..mais uns dias e outro sinal, num nível mais elevado; ela caminhando lá mais à frente, volta-se e olha, meio sorriso no rosto.. Altura para começar a estruturar a "declaração", coisa formal, matéria para ensaiar. Nervos aumentando, repete, como é que vais dizer..?
Até que vinha o dia, é amanhã, tem de ser amanhã, se não ela ainda vai pensar que sou um banana.. Palavras na ponta da lingua, fazia-se o caminho de perseguição já habitual - as normas apontavam para duas semanas a fazer estrada -e era dito e feito - ela, cúmplice, escolhia um troço de rua mais isolado, abrandava a passada, quase, mas só quase que parava, o artista acelerava um pouco, colocava-se a par da dama saía-lhe um "boa tarde" (era sempre à tarde que o amor acontecia..)e debitava a fórmula.."desculpe incomodar, mas já deve ter reparado no meu interesse por si, julgo que esse interesse é correspondido e por isso venho declarar-me, para saber se a posso acompanhar na saída das aulas..?" Ela, vermelhão nas faces, palavras a cair, "na verdade, já tinha reparado, mas eu sou muito nova, nunca namorei, não posso dar já a resposta, se quiser venha amanhã ter comigo, que falamos então.." Tava feito,ai como se chega às nuvens estando com os pés no chão,confirmavam-se todos os indicios, a atitude dela, deixar para amanhã era o habitual, menina séria não dizia logo que sim..Obrigado e desculpe, até amanhã, até amanhã sim..Aqui?, sim aqui, no mesmo sitio..
No dia seguinte, vinha o que se esperava, "estive a pensar, acho que sim..mas tem de ser assunto sério..não podemos ir juntos até à minha rua, a minha mãe ou as vizinhas..compreende..sim, com certeza.."
E pronto, depois vinha a consolidação: os nomes (até aí ignorados) o embaraço da primeira vez que se acompanhava a miúda à saída das aulas, com a cusquice das colegas e o gozo aberto dos rapazes, nos primeiros tempos não se dava a mão, tudo com calma, a seu tempo, beijos nem pensar, só lá mais para a frente, muito à frente..e mesmo assim só na face..
E era assim.
PS - Ibel, se for de Domingo a Domingo, dá. Depois avanço com sugestões, juntas outras da Elisabete, o Daniel também dará, por certo, uma mãozinha..Vais ver que não descansas.
Beijos e abraços
Soberbo, João!
joão,
Era mesmo assim.Tive um rapaz que me tentou conquistar dessa maneira.Foi engraçado, porque nós raparigas saíamos em bando do liceu e sabíamos que um rapagão nos seguia, mas não sabíamos quem era a pretendida. um belo dia,decidimos que iríamos descobrir.e assim foi.à medida que nos íamos separando, olhávamos para trás a ver se ele vinha.Eu morava perto do liceu.Despedi-me e entrei em casa.Fui à janela ver onde elas iam e se ela persistia...
Fiquei espantada quando o vi do outro lado da rua a olhar para a minha janela e a sorrir.Fechei-a logo e fui para a mesa a pensar, Só me faltava esta! isto durou quase um mês.Ele não parava de me perseguir.Um dia veio ter comigo,eu apressei o passo, mas elepôs-se à frente com uma rosa.
Bem...não teve sorte.Eu andava noutras nuvens. Acabou por casar com uma prima minha, mas ainda hoje sinto da parte dele um certo constransgimento quando fala comigo.
Coisas da vida!!!
O rapaz era destemido, eu nunca me meteria numa cena dessas..andar atrás de uma menina integrada num grupo..ni muerto! Já chega o que uma mulher é capaz de fazer sózinha, quanto mais em bando..o receio de ser gozado não me deixaria, sequer, pensar nisso, seria uma princesa a apagar da memória..
Curioso que tenha acabado por casar com a prima, tirou a aproximação..
Ai os homens..
Vamos lá minha querida Elisabete
Agora conte-nos uma dessas histórias doces,e quem sabe,isso vai me encorajar a contar uma também.
Deixo beijos para as meninas e...Ah também aos meninos.
Ai!estes difíceis amores...
Cris, começa!
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