A 3 de Setembro parti de Bali tendo como porto de destino Port Mathurin, na ilha Rodrigues, no Arquipélago das Maurícias. No dia seguinte, navegando com vento ESSE, 15 nós, a 70 milhas de terra, avistei uma embarcação de boca aberta, que se encontrava pescando, com dois tripulantes. Não consegui perceber que género de pescaria estavam fazendo. Com excepção do dia 6 de Setembro, no qual apanhei um bonito pequeno, os outros dias seguiram-se sem pescarias. A temperatura da água por volta dos 26 e do ar 27 graus.
O vento em quase todo o percurso esteve entre os 5 e os 25 nós, de E ou ESE. Passaram frentes, acompanhadas de chuva e vento bastante fresco. No dia 15 a Rádio Exterior de Espanha informava que as frotas de pesca Francesa e Espanhola se encontravam nas Seychelles aguardando protecção em relação ao cada vez maior número de piratas que actuavam no Índico, nas proximidades ou em zonas bastante desviadas da costa da Somália. Já haviam sido referenciadas cerca de 45 embarcações com piratas, actuando em águas internacionais, à volta das 400 milhas de terra.
A 16 de Setembro o vento, soprando SE com 25 nós, originou mar grosso. O fogão saiu fora dos eixos, tive de aguardar por melhoria do estado do tempo, o que só aconteceu no dia seguinte, para repô-lo novamente no lugar. Passados vários dias comendo conservas ou peixe salgado, ao final da tarde do dia 19 cozi batatas e aguardei pacientemente, sempre olhando para as minhas linhas, que vindo de corrico havia dias que nada apanhavam, na esperança de que um peixe ficasse preso, mesmo que pequeno. Se nada pegasse, teria de abrir novamente uma lata de conservas. Mas, como bem sei, na pesca há sempre que aguardar. Para meu regalo pegou um bonito grande, que puxei para bordo, com todo o cuidado, não fosse ele escapar. Com a ajuda de um peixeiro, meti dentro o meu jantar daquele e de mais dias. Efectivamente, ao contrário da primeira viagem, o peixe não abundava.
Fiz filetes, que cozinhei na altura, preparei uma vinha de alhos para outros, destinados ao dia seguinte, e o restante foi devidamente salgado. Nos tempos de abundância (anterior viagem) também usei este método da salga do peixe, embora sem grandes preocupações, devido às boas pescarias que quase todos os dias fazia.
Comecei ainda agora a ler o livro de Genuíno Madruga. Recebi-o hoje pelo correio. Extraí estas passagens um pouco aleatoriamente mas, pelo que já li e vi, aconselho-o vivamente. Não faltam fotografias lindas, lugares exóticos e histórias das suas gentes, aventura. E, sobretudo, não falta coragem, força e amor ao mar e às ilhas por parte deste picoense ilustre, primeiro velejador solitário português a realizar viagens de circum-navegação e de que todos, com toda a certeza, nos orgulhamos muito.
É fácil adquirir o livro. Aqui ficam os contactos da Editora. É uma obra que vale a pena ter.
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