Dele diz Urbano: É por isso que me sinto grato ao Eduardo Bettencourt Pinto pela sua poesia destes anos, com a qual ele nos tem revelado a harmonia do mundo para lá das ruínas e das sombras do quotidiano, ao mesmo tempo que com ela fomos descobrindo outros sentidos para a língua que falamos.
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Um Amigo
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Há uma casa no olhar
de um amigo.
Nela entramos sacudindo a chuva.
Deixamos no cabide o casaco
fumegando ainda dos incêndios do dia.
Nas fontes e nos jardins
das palavras que trazemos
o amigo ergue o cálice
e o verão
das sementes.
Então abre as janelas das mãos para que
cantem
a claridade, a água
e as pontes da sua voz
onde dançam os mais árduos esplendores.
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Um amigo somos nós, atravessando o olhar
e os véus de linho sobre o rosto da vida
nas tardes de relâmpagos e nos exílios,
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onde a ira nómada da cidade arde
como um cego em busca de luz.
Eduardo Bettencourt Pinto, "Da Outra Margem"
2 comentários:
Olá!
É assim. Um simples olá. Para que olhe e veja quem lhe bate à porta.
Parece-me que vou ter que passar por aqui. Deixarei rasto ou não, mais conforme o tempo.
Gostei do Antero, que diz que é seu. Não. Ele não foi um "vencido da vida". Antes um amante que só por amor lhe oferece o último ai. Mas isso é outra história.
Agradeço o nome que nos traz - Eduardo Bettencourt Pinto. Esquecemo-nos tanto do que vale a pena, que qualquer lembrança é sempre bem-vinda. E, se agradeço o Eduardo, agradeço também o poema.
Por que vim aqui? Porque uso muito termos como "ilhas" e "encantos". E porque me disseram para vir espreitar. E eu, que não sou de protestos, obedeci.
:-)
Elisabete,
Há tempos li alguma coisa sobre Eduardo Bettencourt e gostei. Hoje adorei este poema que me trouxe um pouco a voz de Eugénio de Andrade.
Gosto daquilo que escreve e mostra e daquilo que mostra e naõ escreve .É por isso que passo sempre por cá com muito agrado.
Não deixe de visitar o blogue do TEMPO BREVE, porque marca pela diferença e também pela qualidade.
Quanto ao seu, é assim:
Há um blogue no olhar de um amigo
Nele entramos porque a porta estava aberta
e porque a sede era a mesma
e a procura do encanto partilhado.
Abraço
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