O nome de Açores, dado ao arquipélago recém-descoberto, é bastante polémico.
Segundo a tradição, este nome teria resultado da abundância das aves de rapina com o mesmo nome encontradas pelos descobridores nas ilhas.
Vejamos o relato de Diogo Gomes:
"Em certo tempo o Infante D. Henrique desejando descobrir logares desconhecidos no Oceano occidental com o intuito de reconhecer se existiam Ilhas ou Terras firmes além das descriptas por Ptolomeu, mandou caravellas em busca destas terras. Partiram e viram terra... e vendo que eram Ilhas entraram na primeira, acharam-n'a deshabitada, e andando por ella encontraram muitos milhafres ou açôres, e outras aves; e passando à segunda que hoje se chama Ilha de S. MIguel..., acharam muitas aves e milhafres... D'ali viram outra Ilha que ne actualidade se chama Ilha Terceira, a qual á similhança da ilha de S. Miguel, estava cheia de... muitos açôres."
A verdade é que este relato não faz uma distinção clara entre milhafres e açores. Mais tarde, Gaspar Frutuoso, verificando a não existência de açores mas sim de milhafres, admitiu que os descobridores teriam confundido os dois tipos de aves.
A partir daqui, aceitou-se este equívoco na identificação dos milhafres (ou queimados) que, ainda hoje, cruzam os céus dos Açores.
José Agostinho defende, todavia, que não havia, de início, açores ou milhafres nas ilhas, e que estes últimos foram para lá levados pelos portugueses. E, baseando-se no testemunho dum cosmógrafo alemão, Martim Behaim, que viveu alguns anos nas ilhas, ainda no séc. XV, avança uma outra teoria.
Diz assim o alemão: "... finalmente descobriram estas dez ilhas e, tendo desembarcado, nelas não acharam senão desertos e aves tão domésticas que não fugiam de ninguém, pois como não havia vestígios de homens, nem de quadrúpedes, esta era a causa de não serem as aves espantadiças; e assim deram a estas Ilhas o nome de Ilhas dos Açores."
José Agostinho conclui, então, que se a ave que se deixa domesticar facilmente, se torna mansa e não foge de ninguém é o açor, é natural que os marinheiros portugueses viessem dizer para Portugal que tinham descoberto umas ilhas onde as aves eram tão mansas como os açores. Teriam ficado, assim, conhecidas como as Ilhas dos Açores.
É, pelo menos, uma teoria interessante. Mas a verdade... só a sabem os navegadores portugueses de quatrocentos.
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"Quanto à origem do seu nome, desde o século XVI que se levanta a dúvida, pensando-se que os descobridores, ao verem milhafres, os tenham confundido com açores. Mas há quem não aceite a estranheza deste baptismo. Gonçalo Velho Cabral que, a mando do Infante D. Henrique (quinto filho de D. João I e o principal impulsionador dos Descobrimentos), organizou o povoamento de Santa Maria e São Miguel, talvez tenha sido também o padrinho destas ilhas honrando Nossa Senhora dos Açores, que se venera na antiquíssima igreja gótica de Aldeia Rica, na Beira Alta, que era da sua especial devoção. Além deste nome, e durante algumas décadas, outro andou juntamente com ele, ou foi usado em vez dele, em boca de marinheiros ou cartas de marear. Ilhas Terceiras lhes chamavam, por terem sido descobertas depois dos arquipélagos das Canárias e da Madeira."
Texto de Daniel de Sá (que ouso publicar e que acrescenta nova teoria)
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