quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Lágrimas caindo sobre o mundo...

VISÃO

A J. M. Eça de Queiroz

Eu vi o Amor – mas nos seus olhos baços

Nada sorria já: só fixo e lento

Morava agora ali um pensamento

De dor sem trégua e de íntimos cansaços.

*

Pairava, como espectro, nos espaços,

Todo envolto num nimbo pardacento…

Na atitude convulsa do tormento,

Torcia e retorcia os magros braços…

*

E arrancava das asas destroçadas

A uma e uma as penas maculadas,

Soltando a espaços um soluço fundo,

*

Soluço de ódio e raiva impenitentes…

E do fantasma as lágrimas ardentes

Caíam lentamente sobre o mundo!

Antero de Quental

6 comentários:

Mário Monteiro disse...

Vou "roubar-te" este magnífico poema de Antero de Quental

Cris disse...

Minha linda esse póema é maravilhoso.
Que doce alma é a sua.
saudades.
Beijos no coração.

Cris disse...

Será que me permitiria por em Pasargada?
Digo que peguei em seu blog.Eu juro.
Mais beijos

Anónimo disse...

Antero...actual como sempre.
Magnífico.

Elisabete disse...

Podem roubar à vontade. Os poemas do Antero são Património da Humanidade.
Cris, não é necessário pôr o meu nome. É o nome de Antero que deve brilhar como merece.
Voltem sempre!

Ibel disse...

Tão lindo e tão plangente.Ao lê-lo, qualquer coisa chora em nós.

Beijinho!