domingo, 11 de janeiro de 2009

Junto ao mar...

Oceano Nox

Junto do mar, que erguia gravemente

A trágica voz rouca, enquanto o vento

Passava como o vôo do pensamento

Que busca e hesita, inquieto e intermitente,

*

Junto do mar sentei-me tristemente,

Olhando o céu pesado e nevoento,

E interroguei, cismando, esse lamento

Que saía das coisas, vagamente...

*

Que inquieto desejo vos tortura,

Seres elementares, força obscura?

Em volta de que ideia gravitais?

*

Mas na imensa extensão, onde se esconde

O Inconsciente imortal, só me responde

Um bramido, um queixume, e nada mais...

Antero de Quental, Sonetos

4 comentários:

Mar de Bem disse...

O mar...
oh, mar da minha infância...
minha linha do horizonte,
meu caminho para caminhar até poder ver fora de mim,
enxergar outros horizontes, indo sempre, caminhante insatisfeita à procura do meu "GRAAL".
O mar é o caminho...e continuo inexoravelmente a caminhar. Até onde? Não sei...

Elisabete disse...

Não é o chegar à meta que nos traz a felicidade, antes os sobressaltos, as dificuldades e a beleza do caminho, porque é isso que nos faz sentir vivos. Não é assim, Mar de Bem? Quando chegamos, queremos logo voltar a partir por novos e desconhecidos atalhos.
Beijinhos

Anónimo disse...

O grande Antero na nostalgia salgada das ondas altas de um mar azul sem paralelo.
O nosso.

Elisabete disse...

Diz muito bem, José Augusto: sem paralelo!
Um abraço