Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o vôo do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,
*
Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das coisas, vagamente...
*
Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que ideia gravitais?
*
Mas na imensa extensão, onde se esconde
O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...
Antero de Quental, Sonetos
4 comentários:
O mar...
oh, mar da minha infância...
minha linha do horizonte,
meu caminho para caminhar até poder ver fora de mim,
enxergar outros horizontes, indo sempre, caminhante insatisfeita à procura do meu "GRAAL".
O mar é o caminho...e continuo inexoravelmente a caminhar. Até onde? Não sei...
Não é o chegar à meta que nos traz a felicidade, antes os sobressaltos, as dificuldades e a beleza do caminho, porque é isso que nos faz sentir vivos. Não é assim, Mar de Bem? Quando chegamos, queremos logo voltar a partir por novos e desconhecidos atalhos.
Beijinhos
O grande Antero na nostalgia salgada das ondas altas de um mar azul sem paralelo.
O nosso.
Diz muito bem, José Augusto: sem paralelo!
Um abraço
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